Pelas árvores da cidade de São Paulo

SOBRE O BOSQUE

Qualidade do Ar

O Bosque desempenha um papel importante na regulação do clima urbano, na melhoria da qualidade do ar, na proteção do solo, na absorção das águas pluviais para atenuação das inundações, enchentes que, a cada ano, afetam mais a vida de milhares de famílias.

O Bosque também funciona como trampolim ecológico para outras áreas verdes da cidade. Elas trabalham formando um corredor, integrando e conectando ecossistemas. Isso é o que multiplica a dinâmica da vida pela cidade toda.

Animais

Pequenos animais silvestres e aves se movimentam entre diferentes áreas arbóreas e habitats pela cidade. No Bosque vivem sabiás-laranjeira, avoantes, maritacas, papagaios e gaviões carcará, saruês e gambazinhos, lagartos, macaquinhos, entre outras espécies. Elas transportam sementes, fecundam a terra, espalham, ampliam e perpetuam a vida na região.

História

BOSQUE DOS SALESIANOS: PASSADO E FUTURO

CORREM RISCO DE DESAPARECER


Numa metrópole como SP, continuamente desfigurada por obras em nome do progresso, reclamar o passado parece anacrônico e clamar pelo verde, utópico. Mas é da história que se trata, afinal: a que passou e a que virá. A nossa história.

  • História dos Salesianos, do terreno e da relação com o bairro:

Em 14 de julho de 1883, aportavam no Rio de Janeiro os primeiros Salesianos de Dom Bosco, vindos em missão para o Brasil. Dom Bosco, nascido na região do Piemonte, na Itália, é o patrono da Congregação e o nome Salesianos vem em homenagem a São Francisco de Sales. Em 1885, chegaram à cidade de São Paulo. O Instituto Teológico Pio XI transferiu-se para a sede do Alto da Lapa em 1936. O Pio XI foi fundado, como estudantado teológico, para ser a casa de formação presbiteral de todos os salesianos das 6 províncias brasileiras dos candidatos ao sacerdócio. Estudaram também aqui, em épocas diferentes, salesianos do Paraguai, da Venezuela, da Colômbia, de Angola e outros países. (Fontes: https://salesianossp.org.br/132-anos-da-chegada-dos-salesianos-no-brasil/ ; https://isma.org.br/instituto-teologico-pio-xi-75-anos-de-historia/ ).


O terreno foi adquirido em 1934 pela Inspetoria Salesiana de São Paulo e constitui-se de um quarteirão de cerca 20.800m2. A história da congregação dos Salesianos se mescla com a história do Alto da Lapa. No grande terreno há um bosque, uma joia cravejada no bairro, uma área verde de mais de 7.000 m2, em que a vida ainda prevalece por meio de centenas de árvores centenárias protegidas por decreto estadual e um riquíssimo ecossistema natural, habitado por uma grande variedade de pássaros e seus ninhos. Muitos dos moradores da Lapa, na infância, brincaram no bosque, alguns jogaram bola no “colégio dos padres”, como o bosque sempre foi carinhosamente chamado pela comunidade. Esse local é apreciado e respeitado pelos moradores, pelo valor histórico, afetivo e cultural no bairro. E, mais do que isso, o bosque é um reconhecido pulmão verde da cidade. Além do Instituto Teológico Pio XI, os salesianos estão presentes na paróquia de Dom Bosco, que fica nas proximidades do instituto. Dessa forma, veio se estabelecendo uma relação de convivência dos salesianos com a comunidade por cerca de 90 anos.

 


  • Venda do bosque:

Em maio de 2024, os Salesianos venderam o seu bosque a uma incorporadora que pretende construir duas torres de prédios no local. Os moradores defendem a preservação do bosque e se posicionam contra o projeto da construtora respaldados pelo decreto 30.443/1989, do governo estadual de São Paulo, que o protege,  discriminando nos artigos 1º e 4º, especificamente este terreno, e qualificando a vegetação como “Vegetação Significativa do Município de São Paulo e imune ao corte”. Como era esperado a construtora adquirente do terreno rebate o argumento legal. E isso já levou o caso não só à Justiça, por meio de denúncia ao Ministério Público, como também à imprensa e às redes sociais. O licenciamento do projeto tramita na SMUL (Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento) e na SVMA (Secretaria do Verde e do Meio Ambiente).


 

  • Ação da comunidade por um futuro: 

Por ser uma referência no bairro, por ser uma área verde importante e, principalmente, pela emergência climática, quando já se sofre diretamente os efeitos do desequilíbrio ambiental (quando a cidade de São Paulo já experimentou, na semana de 09 a 15 de setembro de 2024, por três dias consecutivos, o pior indicador de qualidade do ar do planeta), os moradores se mobilizaram em prol do bosque e fundaram em agosto último o movimento @salveobosque, com o objetivo de, através dos instrumentos legais, pleitear a sua defesa. Essa é uma ação da sociedade civil que se mobiliza pela vida, pelo ar que respiramos e contra iniciativas que prejudicam o meio ambiente, o futuro da cidade, de todos os seus habitantes (não só humanos) e a vida. 

Os moradores não concordam com a medida de compensação proposta pela construtora por entenderem que, além de ser uma área de vegetação relevante e significativa, mudas não suprirão o que árvores centenárias adultas hoje, efetivamente, já estão fazendo pela cidade e por todos os seus habitantes.

Mais de 20.000 pessoas já assinaram o abaixo-assinado pela preservação do Bosque dos Salesianos. https://www.change.org/p/salve-o-bosque

Há também uma vaquinha organizada: https://www.vakinha.com.br/vaquinha/grupo-salve-o-bosque-do-salesianos?



  • Desdobramentos positivos - cidadania em jogo:

No dia 21 de agosto houve uma passeata dos moradores; faixas e informes estão sendo colocados nas fachadas e interiores dos prédios, bem como em estabelecimentos comerciais da região, pela defesa do bosque, e como decorrência do movimento os moradores estão em permanente estado de mobilização por ações cidadãs no bairro: em 21 de setembro, uma iniciativa foi levada a cabo, com atividades de limpeza das praças e encontro dos integrantes do movimento Salve o Bosque. É uma visão de apropriação e cuidado dos espaços públicos de que dispomos. A comunidade percebe valor do verde e cuida dele. Em 20 de outubro fizemos um enorme Abraço ao Bosque. Em 25 de outubro fizemos um Panelaço Verde, também com muita adesão dos moradores.



  • Curiosidade:

No percurso da atuação, os moradores notaram uma curiosa e simbólica coincidência: Dom Bosco nasceu em Castelnuovo Don Bosco, no Piemonte, em 16/8/1815 e carrega o Bosco no nome de sua família e, portanto, no seu nome de batismo, Giovanni Melchiorre Bosco. Coincidência que vem imbuída de um significado profundo, justamente porque “Bosco”, em italiano, significa “bosque”, o bosque que querem salvar.

 

Galeria